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Solidão: O que é, o que fazer ao se sentir sozinho e frases


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Estar desconectado das pessoas à nossa volta causa danos biológicos, e nos traz a sensação de que não há lugar no mundo para nós.

É provável que você já tenha passado pela experiência de perder-se de seus pais no supermercado ou em alguma loja quando criança. A sensação nesses momentos é angustiante, pois nos sentimos vulneráveis, desamparados e acima de tudo, sozinhos. Entretanto, não é necessário perder-se de alguém para sentir este conjunto de emoções.

Verdade seja dita, são incontáveis os momentos onde nos sentimos desconectados de tudo que nos cerca e solitários em meio a multidão. Quando sentimos que ninguém pode nos entender e que não é possível conectar-se com as pessoas, estamos diante da solidão.

O que é a solidão?

A solidão é o estado em que a pessoa não se sente parte de um todo, segundo a psicóloga Lia Clerot. É o isolamento não apenas físico, mas emocional. Entre as causas da solidão, estão a sensação de incapacidade para se relacionar com outras pessoas, além do medo de ser julgado ou de não ser bom o suficiente para os outros.

Em alguns casos a solidão pode acontecer por opção, o que configura um quadro de solitude. Porém, quando este sentimento se torna inerente a nossa existência e nos sentimos constantemente desamparados, trata-se de solidão.

Estar sozinho x sentir-se solitário

Muitos podem associar a condição a pessoas que vivem isoladas. Entretanto, você pode se sentir sozinho em um local repleto de pessoas. “A solidão está intimamente ligada à sentimentos de insatisfação, tristeza ou incompatibilidade com tudo o que nos cerca”, explica a psicóloga Raquel Staerke.

Quando não encontramos pessoas que compartilham valores, escolhas ou preferências semelhantes às nossas, nos sentimos excluídos. É comum que sejamos diferentes, já que somos regidos pela subjetividade, característica de natureza particular.

Entretanto, quando essas diferenças não são respeitadas ou compreendidas, a solidão se torna um mecanismo de defesa para que possamos evitar mágoas ou frustrações.

Níveis de solidão

Para a psicóloga Adriana de Araújo, a intensidade da solidão também varia, podendo ser:

  • Leve: com presença de pensamentos negativos
  • Mediana: presença de pensamentos negativos que trazem sofrimento
  • Intensa: pensamentos negativos que trazem profundo sofrimento e a sensação de que não há esperança ou possibilidade de resolução.

Neste último caso, é necessário buscar ajuda de um especialista. Também é possível que a solidão surja como consequência de um evento externo, como o término de um relacionamento ou a morte de um ente querido.

Causas da solidão

Segundo Lia Clerot, a baixa autoestima, falta de confiança e distúrbios psicológicos como a depressão podem ser gatilhos que promovem a sensação de isolamento. “O convívio social também pode provocar a solidão, pois existe a possibilidade de frustração por não nos sentirmos parte de determinados grupos. Isto acontece principalmente entre os jovens”, explica a especialista.

De acordo com dados de pesquisa realizada pelo Cigna, uma organização americana de serviços de saúde, indivíduos com 18 a 22 anos de idade são os que mais sofrem com a solidão.

Veja demais causas da solidão:

1 – Solidão por morar sozinho:

A psicóloga Adriana de Araújo também aponta que morar sozinho pode desencadear a solidão. De acordo com dados do IBGE, 9% dos lares no Brasil são formados por pessoas que moram sozinhas, o que equivale a aproximadamente vinte milhões de pessoas que estão vulneráveis a se sentirem isoladas.

“Quando não encontramos pessoas que compartilham ideias e valores semelhantes aos nossos, também podemos nos sentir solitários”, explica a psicóloga.

2 – Solidão por mecanismo de defesa

Para cessar a possibilidade de julgamento externo, podemos recorrer a introversão e a busca da solidão para fugir de situações que nos causem desconforto. A psicóloga Milene Rosenthal explica que eventos sociais nos dão a impressão de que estamos expostos, pois o contato com outras pessoas nos obriga a estar em evidência.

“Isolando-se do convívio social, diminuímos as chances de sermos hostilizados, criticados ou julgados”, diz a especialista.

3 – Solidão por insatisfação com os outros:

Todas relações interpessoais, sejam elas profissionais, amorosas ou fraternais, implicam na criação de expectativas. E para Raquel Staerke, quando estas expectativas mútuas não são expostas com clareza, ocorre o risco de termos frustrações.

A frustração causa sentimentos prejudiciais, e por isso, muitas pessoas isolam-se socialmente e emocionalmente como uma forma de autoproteção ou protesto. “O perigo está no período em que se permanece isolado. Uma longa fase de exclusão social pode ser um indicativo de depressão”, alerta Raquel.

4 – Solidão por falta de identificação:

Quando nos deparamos com o diferente, é comum reagir com medo e estranheza. Segundo Raquel, o problema está na maneira que lidamos com isso: “Quando buscamos refúgio em nós mesmos para escapar das diferenças, podemos nos sentir sós diante do mundo”, explica.

Por sermos seres gregários, isto é, que apresentam tendência a estar um com os outros, o isolamento pode ser extremamente prejudicial. A necessidade de filiação e identificação social é inerente a quem somos, e quando isto não acontece, nos sentimos abandonados.

“A falta de identificação pode nos levar a pensar que não iremos conseguir pertencer a nenhuma rede de contatos”, diz Raquel.

5 – Solidão por introspecção em excesso

Para Lia Clerot, quem é excessivamente introspectivo pode ter dificuldades em construir relações, o que pode ocasionar a solidão. O pensamento minucioso e a cautela no momento de sair da zona de conforto pode trazer o isolamento. “Quando isto causa mal estar, é preciso que mudemos nossas percepções de vida, pois algum pensamento não está adequado a nossa realidade”, explica Adriana de Araújo.

6 – Solidão por problemas emocionais:

A solidão pode ser um efeito colateral de alguns distúrbios emocionais. Segundo o psicólogo Vitor Friary, quem tem depressão pode se distanciar de outras pessoas para evitar falar de seus problemas. “Algumas pessoas também sentem vergonha por terem dificuldades emocionais, e se isolam para manter isso em segredo”, explica o especialista.

Já em casos de ansiedade e fobia social, a solidão pode ser consequência do medo de ser julgado. Para Vitor, uma baixa autoestima também pode tornar as pessoas solitárias. “Ao sentir que somos inferiores e com pouco valor, acreditamos que não poderemos fazer parte de círculos sociais”, afirma.

Milene Rosenthal reitera que a preferência em ficar sozinho torna-se um fator de risco quando afeta o nosso desempenho no dia a dia. “Quando a pessoa não tem mais vontade de fazer as coisas que fazia antes, não quer conversar sobre sua vida e fica a maior parte do tempo isolada, há chances de haver um grave transtorno emocional em andamento”, diz a especialista.

Malefícios da solidão:

Segundo Lia Clerot, a solidão pode estar associada a algumas deficiências hormonais no cérebro. Ela pode potencializar nossos níveis de cortisol, causando estresse. Já a quantidade de adrenalina e serotonina é reduzida no corpo, podendo afetar diretamente o sistema imunológico, o que pode provocar doenças.

A longo prazo pode causar alterações nos níveis de açúcar no sangue, insônia e distúrbios psíquicos, como a ansiedade e a depressão.

Solidão: Quando ela se torna um problema?

Adriana de Araújo explica que a solidão se torna um problema quando não conseguimos ficar bem sozinhos. Com isto, nos tornamos emocionalmente dependentes, precisando ter alguém por perto que possa nos trazer bem estar.

“Essa dependência é destrutiva para a nossa liberdade e leveza emocional. Ser ou estar introspectivo por um tempo não é problema. Mas estar sempre assim nos torna inflexíveis, com pouca capacidade de mudança e adaptação, o que nos traz sofrimento, mal estar e a sensação de peso na vida”, explica Adriana.

Solidão e solitude: Qual a diferença?

A solidão é classificada como um estado emocional negativo, em que a pessoa sente-se sozinha, isolada. Segundo Lia Clerot, a solitude tem um significado oposto, positivo. Nesse caso, o indivíduo quer estar sozinho, cultivando sua particularidade e pensando em seu desenvolvimento.

A solitude implica na escolha consciente de estar sozinho. Já uma pessoa solitária não tem essa opção. “O isolamento ocorre por dificuldades em se relacionar”, explica a especialista. Reservar um tempo para si e afastar-se do convívio social pode nos fazer mergulhar em um mar de introspecção, proporcionando novas descobertas sobre quem somos.

“Quando não associada à tristeza, a solidão pode ser um momento para refletir, cuidar de si e da mente. É importante estar só”, diz Lia Clerot.

Como lidar com a solidão?

É inevitável que nós estejamos sozinhos em algum momento de nossas vidas. Entretanto, esta realidade não deve ser sinônimo de tristeza. Para o filósofo Friedrich Nietzsche, o isolamento deve ser encarado como um estado restaurador. É como um momento que temos para sermos quem somos em essência, sem nos adaptar a sociedade.

Segundo Lia Clerot, é importante que mantenhamos contato com amigos e familiares, pois a interação com outras pessoas traz benefícios para a saúde mental. Porém, quando isto não for possível, é necessário readaptar nossas percepções acerca da solidão.

“Estar só implica em um momento para cuidar de si, de projetos, da mente”, afirma a especialista. Caso não seja possível ressignificar a solidão em momentos de mal-estar, você também pode focar em fazer aquilo que ama.

“Praticar hobbies, manter-se perto de outras pessoas e buscar amigos que compartilhem de interesses semelhantes aos seus pode ajudar”, aponta Lia.

Por que temos medo da solidão?

Adriana de Araújo aponta que o medo de estar sozinho está intimamente ligado a nossa percepção de quem somos. Quando sentimos que não somos capazes de cuidar de nós mesmos, é possível experiência angústia ao refletir sobre a solidão.

A baixa autoestima pode nos fazer acreditar que se estivermos sozinhos, estaremos incompletos. Para a psicóloga, essa dependência apenas reduz nossa confiança e bem estar geral.

Lia Clerot explica que o medo da solidão também carrega um sentido evolutivo, visto que nossos ancestrais pré-históricos precisavam ficar em estado de alerta ao estarem sozinhos, como uma forma de se proteger de ataques.

Como crio vontade de estar com outras pessoas?

Normalmente quem está solitário encontra-se em um estado de tristeza, sem energias e motivações para interagir com outras pessoas. Entretanto, segundo Lia, é importante entrar em contato com o próximo, mesmo que não haja vontade.

Adriana de Araújo recomenda treinar nossa paciência em relação às diferenças alheias. Realizar atividades de interesse coletivo, como trabalhos voluntários, também podem ajudar a reduzir a solidão, já que estas criam a sensação de pertencimento a uma causa comum.

Inscrever-se para alguma atividade que represente seus interesses também pode fazer com que você se sinta parte de algo, tornando a sensação de isolamento menos presente.

Tratamentos para a solidão

1 – Psicoterapia

A psicoterapia é o tratamento mais indicado para quem sofre com a solidão. “Através dela é possível estimular a inserção cultural, aumentar a autoestima, a autoconfiança e o autoconhecimento. O tratamento torna a pessoa mais confiante para interagir com outros”, afirma Lia Clerot.

Adriana de Araújo explica que a psicoterapia também auxilia na identificação das causas que levam a solidão, assim como a solução mais adequada. “Todos nós temos um lado mais e menos sociável. Ser capaz de entender quando, como e onde somos mais de um jeito que do outro faz toda a diferença”, afirma a especialista.

2 – Animais de estimação

O animal de estimação é uma presença física constante, o que pode reduzir a sensação de solidão. “Além disso, eles demonstram e retribuem afeto, o que para o ser humano solitário é muito importante”, diz Lia Clerot.

Segundo Adriana de Araújo, os animais se tornam uma companhia para as pessoas quando há interação frequente entre os dois, além de uma relação que envolve cuidado, brincadeiras e atividades fixas, como levar o cachorro para dar um passeio.

3 – Mudança de comportamentos

Adriana aconselha que a pessoa solitária evite ficar sozinha, até o momento que se sentir confortável para aproveitar a si. Ser seletivo com os lugares e as pessoas também pode ajudar. Procure frequentar locais que estejam conectados com suas paixões. A possibilidade de encontrar outros indivíduos com valores semelhantes é maior.

Como acolher uma pessoa que está solitária?

Imagine pensar em seus piores momentos que não há ajuda para você. Pode ser uma experiência dolorosa olhar o mundo a nossa volta e perceber que todos possuem suporte, menos nós. Se você não se identifica com essa realidade, pode conhecer alguém que pensa dessa forma.

Para Adriana de Araújo, o primeiro passo para acolher uma pessoa que vive uma realidade solitária é estar presente, disponibilizando seu tempo para apenas ouvir o que o outro tem a dizer.

“É preciso mostrar apoio e empatia quando alguém o procura para desabafar. Mostre interesse na situação, já que muitas vezes a vítima ouve conselhos como ‘ignore’ ou ‘deixe para lá'”, explica Lia Clerot. Afirmações vagas podem fazer com que o próximo se sinta ainda menos compreendido.

Adriana de Araújo reitera que é imprescindível motivar quem sofre de solidão a procurar ajuda profissional em casos mais graves.

Solidão em centros urbanos

A vida urbana nos faz conviver com centenas de pessoas diariamente. Entretanto, isto não significa que nós construímos laços com todos que encontramos. A realidade é que, na maioria das vezes, realizamos apenas contato visual com as pessoas ao nosso redor.

Segundo Raquel, o ritmo de nossa rotina é marcado pela urgência da sobrevivência. Temos a sensação de que estamos sempre atrasados. Além disso, as tecnologias também alteram a forma que administramos nosso tempo, nos fazendo entrar em colapso.

“O tempo tecnológico e o tempo subjetivo são diferentes”, afirma a especialista. Com um ritmo acelerado, aprofundar-se nas relações interpessoais se torna uma tarefa difícil. Uma das consequências deste fenômeno é a solidão.

Para Raquel, a proliferação de grupos virtuais pode ser um reflexo do momento que vivemos: “Aprofundar-se nas relações pode ser um excelente antídoto para a depressão e a sensação de solidão”, diz.

Frases que trazem esperança em momentos de solidão

Nossos pensamentos possuem um grande poder transformador. Pensando nisso, separamos algumas afirmações de pessoas que exteriorizaram suas reflexões acerca da solidão. As frases a seguir podem trazer esperança e aprendizados em momentos de sofrimento:

1. “A imaginação é a nossa melhor amiga contra a solidão”.

2. “Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite”.

-Clarice Lispector

3. “A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais”.

-Arthur Schopenhauer

4. “Há momentos infelizes em que a solidão e o silêncio se tornam meios de liberdade”.

-Paul Valéry

5. “Solidão: um lugar bom de visitar uma vez ou outra, mas ruim de adotar como morada”.

-Josh Billings

Para ter acesso às interpretações das frases e por que elas podem trazer calma em momentos de solidão, leia nossa matéria sobre o assunto aqui.

Fontes:

  • Raquel Staerke, coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário Celso Lisboa
  • Psicólogo Vitor Friary
  • Milene Rosenthal, psicóloga e fundadora da TelaVita
  • Lia Clerot, psicóloga especializada em Terapia Familiar Sistêmica
  • Adriana de Araújo, psicóloga especializada em Hipnose Ericksoniana, programação neurolinguística e Novo Código da PNL.
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